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Prazer ou produtividade?

Foto do escritor: Revista Só LetrandoRevista Só Letrando

Atualizado: 14 de jun. de 2021

por Heloísa Casini


É comum, para quem gosta de ler, ter uma meta de leitura a cada mês ou ano. Nas redes sociais é, geralmente, compartilhada essa meta, algumas são 20, outras 30 ou até 50 livros no ano. O que move a pessoa a ter esse objetivo? É sempre almejado que a cada ano esse número de livros que serão lidos aumente, mas, por que sempre queremos mais e mais aumentar essa meta?

É visto que moramos no século da urgência e do “quanto mais, melhor” e, a necessidade de ter mais afeta a vida da maioria em todos os aspectos. A ânsia de terminar um livro, de querer que o tempo passe logo e, assim, leiamos um novo livro e acabemos a meta para ler sempre mais, nos faz entrar em um ciclo vicioso sem que percebamos e, é difícil sair dele.

Em 2019 eu consegui chegar na marca de 51 livros e esse número me fez sentir otimista e colocar como meta do ano seguinte 55 livros. A pandemia veio e, com ela, a minha vontade de ler algo novo, assistir algo inédito, era nula, eu já sabia que não iria conseguir acompanhar as aulas síncronas, estudar para as provas, dar aula on-line e ler 55 livros em um ano, pois, não conseguiria aproveitar nem um nem o outro. Depois de tirar o peso de um número tão alto das minhas costas eu decidi ir no tempo e, assim, foi bem mais proveitoso.

Quando comparamos os resultados com outros podemos perceber o quanto nossas vidas são diferentes, nem todo mundo tem tempo de ler 20, 30 livros e, tudo bem, o importante é apreciar a leitura. Porém, ficou cada vez mais comum vermos metas de leitura de 100, 200 livros. Nos faz pensar o porquê desse fato ocorrer e nos questionar as motivações de um objetivo tão alto.

A leitura passa daquilo que era para ser um passatempo prazeroso a uma competição de quem lê mais livros. Uma pessoa que lê 20 livros por semana não consegue absorver nenhum conteúdo, nem mesmo fazendo uma leitura dinâmica. A pressa e a competição já estão enraizados na nossa natureza de tal forma que virou uma necessidade lermos mais rápido para superar outras pessoas ou, até nós mesmos. Para alguns, esses livros viraram apenas metas para “bater”, o conteúdo passa despercebido.

Pensar na leitura como um hobby, para muitos, não se encaixa nessa categoria, passa a ser apenas uma tarefa qualquer. Com isso, essa reflexão nos traz uma conclusão ou, até um novo objetivo: tentar desacelerar, não se comparar e nos perguntarmos até onde vai essa linha tênue entre obrigação e entretenimento.

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