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Literatura contemporânea: Escritores do século XXI

Foto do escritor: Revista Só LetrandoRevista Só Letrando

Atualizado: 13 de dez. de 2021

Por Cabele Martins


Temos alunos desinteressados pela escrita ou um Estado desinteressado pelo ensino literário?


"A escola tem que ser um lugar que propicia [a leitura], e não um lugar que iniba essa atividade". Foi assim que a escritora Conceição Evaristo, uma das mais influentes e importantes literatas do Brasil, descreveu o papel da escola com relação ao amor à literatura no ano de 2019, durante a cerimônia de lançamento da sexta Olimpíada de Língua Portuguesa. Segundo a professora, é papel das escolas, principalmente das escolas públicas, o desenvolvimento da escrita dentro das salas de aula para que o desenvolvimento literário nacional evolua. Para isso, o processo de leitura deve ser aconselhado ao extremo, visto que a leitura em excesso, de acordo com a professora, é o que leva ao desejo e à sede pela escrita.


Baseando-se nessa temática, é possível gerar uma análise tanto a respeito da escrita no território nacional quanto do incentivo que as escolas, e o próprio governo proporcionam na vida dos jovens em cada faixa etária e fase de desenvolvimento escolar. Partindo do princípio de que a leitura e a escrita são alvos indispensáveis a serem alcançados para todos os alunos, principalmente durante o nível de ensino primário/fundamental, por ser o período em que os alunos precisam desenvolver a alfabetização completa, o Estado formulou programas e metas a serem instituídas e alcançadas, como o programa “Ler e Escrever” e a “Meta de Alfabetização”, ambos do Estado de São Paulo.


A partir do Ensino Médio, são observados diferentes métodos e fórmulas adotados pelas escolas públicas e pela Secretaria da Educação. Nessa etapa, o rendimento com relação à escrita sofre uma queda em comparação explícita com o encorajamento da escrita. O Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) e a Avaliação de Aprendizagem em Processo são os dois testes de parâmetro utilizados após os anos iniciais do Ensino Fundamental e o ponto em comum entre eles é a falta de uma avaliação da escrita, como uma redação.


Embora existam projetos de escrita nas escolas, eles estão mais associados à norma padrão da Língua Portuguesa do que à escrita como uma fonte de prazer e desenvolvimento de ideias. Essa constatação se torna ainda mais perceptível no momento em que os alunos são postos à prova durante testes como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) mostram que, na realização do Enem de 2020, a média entre as notas dos alunos na redação foi de 588.74, pouco acima da metade do valor total que poderia ter sido obtido.

A deficiência nas práticas escritas e literárias acaba gerando um outro tipo de deficiência, uma de caráter social e histórico, a qual necessita ser erradicada. Sem a evolução da escrita, paramos no tempo e nos tornamos um vazio no rumo da história, somente folhas em branco que não seguem o desenvolvimento de um enredo histórico nacional.

O descaso com o incentivo à leitura e à escrita faz com que os alunos não valorizem essas práticas e, consequentemente, não se desenvolvam nelas. Cada vez mais, o universo literário se torna escasso, obsoleto e fruto de uma desilusão por parte dos que ainda desejam e acreditam em um ingresso no universo da literatura.

Entretanto, para a alegria e o prazer do mundo literário brasileiro, ainda existem aqueles que acreditam em uma educação de base voltada ao desenvolvimento literário, aqueles que se esforçam para manter a chama da escrita acesa. Fazem parte desse grupo a Olimpíada de Língua Portuguesa, o Siebe (Sistema Estadual de bibliotecas escolares), o Tertúlias Literárias, os vestibulares que exigem leituras nacionais diversas e propagam a diversidade socioliterária, e outros órgãos e funcionários públicos. Eles procuram realizar a capacitação de professores e alunos para a escrita e desenvolvimento escolar, mantendo, assim, alguma resistência ao sistema opressor que mais deseja silenciar novos escritores do que encorajá-los.

Faz-se necessária uma mudança nos órgãos de ensino e nos ambientes escolares, e é imprescindível que haja o cumprimento das leis que definem a necessidade de bibliotecas e salas de leitura em escolas do Brasil. Dessa forma, novos leitores podem se desenvolver, conhecer a riqueza de nossa literatura e se tornarem os próximos escritores das páginas de nossa história.

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