Desafios da Educação gerados pelo isolamento social
por Lissa Tanaka
Com o final do ano chegando, os encerramentos das aulas e a insegurança do que está por vir no ano de 2021, fechamos um ciclo tortuoso e cheio de desafios, principalmente relacionado à educação. Um ano difícil para professores, alunos e para os pais que acompanharam as aulas ao lado dos filhos pequenos, além de uma jornada de trabalho mais estressante do que a que estavam acostumados.
Ao avaliar criticamente a tragédia da pandemia, temos que lembrar que para aqueles bem abastados e privilegiados que conseguiram trabalhar de forma remota, foi uma forma de aproveitar o lar e a família. Em contrapartida, para outros, os quais não possuem essa oportunidade e muito menos, o acesso a tecnologia para que seus filhos pudessem acompanhar as aulas, foi uma terrível infelicidade.
Não se deve tirar a responsabilidade das autoridades responsáveis pela desigualdade social que acomete o nosso país, e que ficou muito mais evidente agora, devido ao isolamento social. De acordo com dados disponibilizados pela Fundação Carlos Chagas, no Brasil, 81,9% dos alunos da Educação Básica deixaram de frequentar as instituições de ensino, correspondendo a 39 milhões de pessoas, sendo que apenas no Estado de São Paulo, há 3,5 milhões de crianças matriculadas na rede estadual de ensino.
Agora, querido leitor, peço que considere esses dados e pense junto comigo: Como ficaram essas crianças durante esse período de isolamento, e principalmente aquelas que não possuem acesso à internet? Em maio deste ano, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que faz parte da pesquisa TIC Kids Online 2019, informou que 4,8 milhões de crianças e adolescentes brasileiros vivem em domicílio sem acesso à internet.
Para tentar responder essa pergunta inicial e entender como as escolas da rede estadual estão lidando com esses alunos sem acesso a internet, conversamos com uma professora da educação básica da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo que nos informou que a maioria dos alunos conseguem acompanhar as aulas e as atividades por meio do Whatsapp, em que são formados grupos com os pais dos alunos, assim, podem receber o cronograma das atividades a serem entregues. Para aqueles que não possuem acesso à internet, a escola entra em contato via telefone com os responsáveis e solicita a retirada das atividades na instituição de ensino, para que os alunos possam realizar e devolver para a correção. Quanto aos que não possuem acesso a internet e também não retornam o contato da escola, a secretária é informada e continua tentando entrar em contato com os mesmos, até obter retorno.
Mesmo para aqueles que têm retirado as atividades, por não possuir acesso a tecnologia, acaba ficando sem o auxílio da professora, já que a mesma oferece assistência através de vídeo aulas e até vídeo chamadas com os alunos. Sendo assim, para esses, as consequência no retorno ao período letivo talvez sejam maiores e principalmente mais desafiadoras para as crianças que se encontram no período de alfabetização. Além disso, devemos destacar também a jornada de trabalho exaustiva desses profissionais, que por tratarem diretamente com os pais, não possuem um horário de trabalho definido, atendendo os pais fora do horário de trabalho, já que muitos não conseguem falar com a professora na parte da manhã, por exemplo.
Considerando esses fatos e com a esperança de que a situação melhore com a disponibilização da vacina em 2021, devemos considerar que muitas dessas consequências serão notadas apenas com o retorno das aulas e que as escolas, com o apoio dos docentes, terão que elaborar planos de recuperação do conteúdo que foi perdido. Espera-se também, uma medida de Bruno Covas, Prefeito da cidade de São Paulo, que terá que combater esse desafio referente à garantia do acesso livre à internet para o aprendizado dessas crianças que estão sendo prejudicadas pela desigualdade social em São Paulo. Além de combater esse desafio gerado pela pandemia covid-19, não podemos deixar de destacar, em período pós-eleição, outros problemas relacionados à educação que devem ser resolvidos em sua gestão, como a evasão escolar e aumentar a oferta de creches e ensino fundamental.
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