por Maria Clara Lopes

Em 2010, foi lançada a 5ª da nova era da série Doctor Who, produzida pela BBC. Nesta temporada, o público foi introduzido ao novo Doctor (Matt Smith) e sua nova “companion”, Amy Pond (Karen Gillan). Como de costume, a série sempre traz referências a personagens históricos como, por exemplo, Shakespeare, que teve referência na terceira temporada e, na quarta, de Agatha Christie. Nessa nova temporada, os fãs da série contaram com a homenagem ao pintor Vincent Van Gogh, no episódio "Vincent and the doctor”, que emocionou todos aqueles que assistiram, pela forma como a narrativa foi conduzida.
No episódio, Doctor e Amy visitam o museu de Paris, no ano de 2010, onde estão localizadas as pinturas de Vincent e, ali, se deparam com um pequeno detalhe peculiar em uma das obras, dessa forma, ambos decidem fazer uma viagem no tempo até o século XIX para visitar Van Gogh e descobrirem o que significava aquele pormenor na pintura. Ao chegarem lá, eles se depararam com a forma com que as pessoas da cidade de Provence o tratavam, sendo de conhecimento geral do público: como se ele fosse louco, bêbado e incapaz. O episódio se torna comovente a partir do momento em que Doctor e Amy descobrem o que está aterrorizando o pintor - e que, coincidentemente, era o detalhe que havia na pintura - fazendo-o receber aquele tratamento, justificando, até certo ponto, o comportamento de disfunção mental, uma vez que, já sendo um fato bastante divulgado, ele possuía sintomas de alucinações.
A história mostra os detalhes do processo criativo de Van Gogh, como ele via o mundo através da pintura, sua paixão pela vida, pelas cores e a esperança por um futuro. Quando este conhece Doctor e Amy a hospitalidade, a sutileza e a bondade dos dois viajantes do tempo refletem no pintor, fazendo com que ele tenha os melhores dias da sua vida.
No final do episódio, Doctor quebra uma das suas principais regras de viagem no tempo, ou seja, durante toda série é sempre ressaltado o perigo de se viajar pela sua própria linha do tempo, tanto para o passado, quanto para o futuro, mas, sabendo do final de Van Gogh, Doctor decide presentear o pintor ao mostrar o quão bem suas obras foram recebidas e valorizadas no futuro.
Dessa forma, ao chegar no ano de 2010 e ver as suas pinturas expostas no museu, o pintor fica em estado de êxtase, tornando-se um encontro emocionante do artista com o seu reconhecimento, algo que ele nunca teve em vida. Ele escuta a opinião de um especialista, que não sabe que está de frente com o pintor e, que define as suas obras como: “Ele transformou a dor da sua vida atormentada em uma beleza extática. A dor é fácil de produzir, mas, usar a sua paixão e seu sofrimento para produzir o êxtase, a felicidade e o esplendor do nosso mundo, ninguém nunca fez isso antes e, talvez, ninguém mais fará”. A reflexão que o episódio traz no final é: será possível mudar o passado sabendo do futuro?
Posto isso, a personagem Amy acredita que como Van Gogh viu o sucesso das suas obras, ele continuaria produzindo mais e mudaria seu final trágico. Mas, no final, a resposta que ela obtém é outra, recebendo, desta forma, um discurso belíssimo de consolo do Doctor, que vale muito a pena assistir. Os episódios de Doctor Who estão disponíveis na íntegra na plataforma de streaming Globoplay.
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